Ação foi deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) para combate a comércio ilegal de couro derivado do abate de animais e ocorre em diversas cidades de Minas Gerais. Operação 'Segunda Pele' em Além Paraíba
Polícia Civil/Divulgação
Um homem de 55 anos foi preso pela Polícia Civil em Além Paraíba suspeito de integrar uma organização criminosa, alvo da Operação "Segunda Pele", que apura a prática de crimes de sonegação tributária e lavagem de capitais, praticados no setor de comércio de couro derivado do abate de animais em diversas regiões de Minas Gerais.
A ação foi deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Na Zona da Mata, também são cumpridos três mandados de busca e apreensão em Carangola, Muriaé e Além Paraíba.
Foram apreendidos até o momento documentos, dispositivos de armazenamento e computadores. De acordo com o delegado Marcos Vignolo, o mandado de prisão cumprido contra o suspeito de 55 anos teve o apoio de uma equipe de auditores fiscais da Receita Estadual.
“Também foram apreendidos vários documentos pertinentes à investigação, que serão analisados e juntados aos autos”, explicou o delegado. A Polícia Civil informou que 16 policiais das delegacias de Muriaé, Leopoldina e Juiz de Fora atuam nas ações desta quinta-feira.
Ao todo, são 47 mandados cumpridos, sendo 13 mandados de prisão preventiva, cujos alvos são empresários, coureiros (atravessadores), contadores e “laranjas” que emprestaram nomes para a abertura de empresas de fachada. Também são cumpridos 34 mandados de busca e apreensão.
Investigação
Segundo o Gaeco, a operação é resultado de uma investigação conjunta do Ministério Público e Receita Estadual de Minas Gerais, por meio da Superintendência Regional de Uberaba, que perdura há mais de um ano.
O objetivo é combater um estruturado esquema criminoso de sonegação fiscal operado por uma organização que adquire couro de frigoríficos e abatedouros de animais em Minas Gerais e os vende para outros Estados, utilizando pessoas físicas e jurídicas para o não pagamento do imposto devido.
O esquema criminoso causou um enorme prejuízo para os cofres públicos de Minas Gerais. Contabilizados apenas os últimos cinco anos, o valor supera R$ 62 milhões declarados e poderá ultraar R$ 100 milhões após auditoria do Fisco.
Segundo os responsáveis pela investigação, o Estado de Minas Gerais vem sendo lesado há anos por essa organização criminosa, a qual atua na clandestinidade e tem criado estruturas falsas apenas para simular a aparente legalidade das atividades.
Segunda Pele
De acordo com o Gaeco, o nome da operação faz referência ao couro, produto principal usado no esquema criminoso voltado à sonegação tributária.
"O homem primitivo somente alcançou e habitou as regiões mais frias do planeta graças ao uso do couro dos animais caçados. Como uma segunda pele, o couro era usado para agasalhar, calçar e proteger do rigor do frio", afirmou o Gaeco.