Governo de Minas realiza cerimônia da Medalha da Inconfidência em Ouro Preto

O Governo de Minas promoveu, nesta segunda-feira (21/4), em Ouro Preto, a tradicional cerimônia de concessão da Medalha da Inconfidência, distinção concedida pelo Estado a indivíduos e entidades que contribuíram — ou seguem contribuindo — para o progresso de Minas Gerais e do Brasil. Neste ano, 171 pessoas foram homenageadas em quatro categorias: Grande Medalha (40 agraciados), Medalha de Honra (58), Medalha da Inconfidência (72) e o Grande Colar (um único homenageado) — este último reservado a líderes de Estado, chefes de governo e representantes dos demais Poderes da República.

O evento foi conduzido pelo governador Romeu Zema, que ressaltou o compromisso de Minas com princípios históricos, como a busca por um sistema mais livre e democrático, marcando simbolicamente a transferência da capital para a antiga sede istrativa do estado, Ouro Preto, entre 1823 e 1897. "Hoje, ao celebrarmos mais um Dia da Inconfidência Mineira, reverenciamos o espírito valente e presente no coração de todos os mineiros. Aqui, na antiga Vila Rica, há mais de dois séculos, Tiradentes foi condenado à forca e teve o corpo esquartejado por reivindicar uma condição que, hoje, mais do que nunca, precisamos estar atentos: liberdade para todos", lembrou o governador mineiro.

Grande Colar

Em 2025, o escolhido para receber o Grande Colar foi o atual presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta. Com atuação expressiva no Congresso, Motta tornou-se o deputado mais jovem a assumir a presidência da Casa, em 2024, com apenas 34 anos, eleito com 444 votos no primeiro turno. Ele também já havia sido eleito, aos 21 anos, como o mais jovem deputado federal do país, obtendo mais de 86 mil votos.

Atualmente em seu quarto mandato representando a Paraíba, Hugo Motta, que também é médico, é reconhecido por seus colegas como um político com perfil conciliador e capaz de unir diferentes visões. "É uma satisfação e uma grande alegria receber o Grande Colar da medalha da Inconfidência. Esta é a grande honra mineira e, por que não dizer, brasileira", agradeceu o presidente da Câmara Federal.

Ele também relembrou: "aqui em Ouro Preto, quando o Brasil era apenas uma ideia, um grupo de brasileiros ousou sonhar com um país livre e pagou caro por isso. A Inconfidência Mineira nasceu do cansaço de ver as nossas riquezas escorrerem pelos dedos, de pagar o quinto a coroa, de ser humilhados pela derrama, o mais cruel de todos os impostos. Os inconfidentes se insurgiram contra esse sistema, que tudo cobrava e nada devolvia. Sonhavam com um país livre, mas também justo. Um país que pudesse se beneficiar da riqueza que ele mesmo produziu", concluiu Hugo Motta.

O Grande Colar é a mais alta condecoração concedida pelo governo de Minas Gerais, exclusiva para líderes de Estado e de poderes constituídos. A honraria foi criada em 1952 por Juscelino Kubitschek, então governador, e é tradicionalmente entregue em 21 de abril, Dia de Tiradentes, em homenagem a Joaquim José da Silva Xavier, símbolo da Inconfidência Mineira — movimento emancipacionista do século XVIII, com raízes em Ouro Preto.

Nos dois anos anteriores, o colar máximo foi concedido a ex-presidentes: Fernando Henrique Cardoso (2024), que liderou avanços na estabilidade econômica e reformas estruturais; e Michel Temer (2023), lembrado como um dos principais constitucionalistas do país e responsável por medidas de austeridade que reequilibraram as contas públicas.

Homenagem especial

Neste ano, a cerimônia sofreu adaptações em razão do falecimento do papa Francisco, com decreto de luto oficial em Minas Gerais. As execuções musicais foram suspensas — inclusive o Hino Nacional — e as bandeiras estadual e nacional permaneceram a meio mastro. Na Praça Tiradentes, foi respeitado um minuto de silêncio em tributo ao pontífice.

No início de seu discurso, Romeu Zema expressou seu pesar e exaltou a herança deixada pelo líder da Igreja Católica: "O papa Francisco foi mais que um líder religioso, mas um símbolo de esperança, simplicidade e justiça social. Seu legado permanecerá vivo na memória dos que acreditam em um mundo mais fraterno e solidário", homenageou o governador Romeu Zema.

Cerimonial

O prefeito da cidade de Ouro Preto, Angelo Oswaldo, esteve presente e destacou: "Hoje, 21 de abril, é uma data que marca a luta pela independência, pela liberdade e pela democracia. Esta data, para Ouro Preto, é a reafirmação de que a história prossegue e se faz guia para indicar sempre os caminhos da liberdade, da justiça e da paz".

A entrega da Medalha da Inconfidência contou com dois momentos marcantes. A primeira parte envolveu uma homenagem cívico-militar com os Dragões da Inconfidência, hasteamento da bandeira, flores no monumento a Tiradentes e a tradicional salva de 21 tiros, na Praça Tiradentes. Posteriormente, os homenageados receberam suas medalhas em solenidade realizada no Centro de Artes e Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).