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Quase metade das mulheres brasileiras estão em situação de insegurança alimentar sem dinheiro para comprar comida. O dado consta na pesquisa Insegurança Alimentar no Brasil: Pandemia, Tendências e Comparações Globais, divulgada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), na última quinta-feira (2).
Conforme o estudo, 47% das mulheres do Brasil apresentavam condição de miséria ao final de 2021. Entre 2019 e 2021, o índice no público feminino saltou 14 pontos, saindo de 33% para 47%. Para se ter ideia da discrepância de gênero, o percentual de homens nestas condições é de 26%.
Se comparado os dados masculinos de 2019 e 2021, houve ligeira queda no índice de homens em segurança alimentar: de 27% para 26%. Levantamento mais recente feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), contabilizou 109,4 milhões de mulheres no Brasil.
Assim, cerca de 52 milhões estão em dificuldade para aquisição de alimentos. Dentro desta imensidão está Paula Rodrigues dos Santos, moradora da Vila Mãe dos Pobres, em Venda Nova, região Norte de Belo Horizonte. A manicure vive com cinco filhos, de 15, 8, 5 e 3 anos, além de uma recém-nascida.
"Eu vivo de doações. Na maioria das vezes, as pessoas me ajudam, porque o dinheiro é pouco. São muitas crianças e não dá para comprar tudo que necessita. Remédio, várias coisas. O dinheiro da unha ajuda, mas é muito pouco. Está tudo muito caro. A gente precisa de um emprego para ter uma vida digna", diz. Em comparação ao ano ado, ela diz que "continua na estaca zero": sem trabalho e com muita dificuldade para alimentar os filhos e se cuidar.
O cardápio da família se baseia em quatro tipos de refeições: arroz com feijão, mingau, cuscuz e fubá suado, uma mistura da farinha com algum tipo de gordura, como óleo e manteiga. "Como a minha, muitas famílias aqui am por uma situação difícil. Às vezes, falta gás também. Hoje (última sexta-feira, 10/6), praticamente não tem nada aqui. Minha filha teve que sair para ver se consegue algum recurso para me ajudar", lamentou Paula.
Na avaliação do pesquisador da FGV Social e responsável pelo estudo, Marcelo Neri, o alto índice de mulheres em situação de insegurança alimentar é um fenômeno observado em todo o mundo. A pesquisa mostra que 37% da população feminina global está em vulnerabilidade. “Algo que já era maior, mais acentuado no Brasil e ficou mais forte durante a pandemia. A estabilidade masculina também chama a atenção e precisamos ver o porquê é diferente no Brasil”, argumenta.
O problema é mais latente na faixa etária entre 30 a 49 anos, mostrou a pesquisa. Quando o assunto é nível de escolaridade, o ensino fundamental foi o mais observado nos índices de insegurança alimentar. Entre os motivos para a escalada da miséria entre as mulheres, Neri atribui questões históricas de gênero que foram escancaradas na pandemia.
Ele citou como exemplo a responsabilidade materna e doméstica assumida por mulheres na pandemia que impactou a vida profissional. “Houve uma redução maior de trabalho entre as mulheres, onde a ocupação caiu 22% e de 14% com os homens, porque no Brasil historicamente as mulheres estão mais com as crianças do que com os homens e isso só agravou na pandemia com a interrupção das aulas e precarizou o trabalho feminino com essa jornada dupla”, explica.
O pesquisador ainda diz ressalta que houve um desajuste em programas sociais. “O Auxílio Brasil tem um piso de R$ 400 que é pago por família, independentemente do tamanho e grau de pobreza. Então a família chefiada por mulheres com muitos filhos, por exemplo, acabam não tendo sua necessidade reconhecida como anteriormente”, argumenta. No Bolsa Família, que antecedeu o Auxílio Brasil, o benefício garantia R$ 89,00 a cada pessoa da família.
Também havia rees, com um limite de cinco por núcleo, relacionados à alimentação de bebês, gestantes, crianças e adolescentes, no valor de R$ 41. “Não tem mais o viés de dar mais dinheiro para famílias maiores, é um piso que vale para a família como todo, independente do tamanho e do grau de pobreza”, acrescentou. Outro problema, segundo Marcelo, foi em relação ao auxílio emergencial.
“Embora tenha sido generoso em momentos como em 2020, o programa flutuou muito, chegou a ser interrompido em 2021 e essa instabilidade em um programa de transferência de renda atrapalhou ainda mais as mulheres brasileiras, quando analisamos o cenário com outros países”, complementou.
No Brasil, pelo menos 33 milhões de pessoas estão ando fome atualmente. O número é quase o dobro do estimado em 2020. São 14 milhões de novos brasileiros em situação de fome em pouco mais de um ano, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Os dados mais recentes da fome foram divulgados na última semana a partir do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, feito pelo Instituto Vox Populi a pedido da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) – parceria das organizações Ação da Cidadania, ActionAid Brasil, Fundação Friedrich Ebert Brasil, Ibirapitanga, Oxfam Brasil e Sesc.