Os altos preços da eletricidade na Espanha são um problema apenas para dez milhões de “tolos” que têm contratos de preço fixo, segundo o principal executivo da maior concessionária de energia elétrica do país, a Iberdrola.
“Somente os tolos que continuam a usar o preço regulado estabelecido pelo governo” pagam preços mais altos, disse o presidente e CEO da Iberdrola, Ignacio Sanchez Galan, em teleconferência na última quinta-feira. A maioria dos usuários está nos chamados contratos de mercado livre e paga preços semelhantes aos níveis de 2018 depois que o governo removeu certos impostos, disse Galan.
A vice-primeira-ministra Nadia Calvino, que também chefia a pasta da Economia, respondeu na sexta-feira aos comentários de Galan, abordando a falta empatia e dizendo que ela ficou surpresa com o tom constrangedor.
Galan também disse que 20% dos usuários espanhóis estão em contratos de preço fixo. Mas, de acordo com dados regulatórios, cerca de 10 milhões de clientes, ou cerca de 30% dos usuários, tinham contratos de preço fixo em 2021, enquanto cerca de 19,8 milhões tinham acordos vinculados a preços de mercado livre.
Galan, da Iberdrola:
Silvia Zamboni/Valor
Dado que a taxa fixa é indexada ao mercado atacadista, está altamente exposta a grandes oscilações nos preços de energia. Os clientes do mercado livre têm mais opções para trocar de fornecedor e encontrar melhores ofertas.
Os preços da eletricidade estão subindo há quase um ano na Espanha, uma tendência que foi exacerbada pela guerra na Ucrânia. O aumento dos preços, por sua vez, foi o principal motor da inflação na Espanha, que em março atingiu seu nível mais alto desde os anos 80.
Essa não é a primeira vez que Galan se vê em desacordo com o governo espanhol. O executivo tem sido um dos principais críticos do plano do governo de limitar os preços do gás natural usado para geração de eletricidade na Espanha e em Portugal, porque diz que vai contra a ideia de um mercado de energia europeu comum. O governo está atualmente analisando os detalhes da proposta, que requer a aprovação da UE.
