O processo é uma política que garante o direito subjetivo que todo estudante, que por algum motivo tenha se afastado da escola, retorne e seja acolhido. Imagem ilustrativa de sala vazia faz referência à evasão escolar
Reprodução/RBS TV
O processo de "Busca Ativa" realizado pela Prefeitura resgatou 4.848 alunos em estado de evasão escolar em Juiz de Fora. A ação tem a finalidade de reinserir crianças e adolescentes evadidos para que concluam a educação básica na idade certa. Em Juiz de Fora, cerca de 360 alunos ainda estão em situação de evasão escolar.
A busca foi iniciado após firmamento de um Termo de Pactuação de Ações Interinstitucionais Coordenadas entre as secretarias de Educação, Assistência Social e de Saúde, Ministério Público de Minas Gerais, Superintendência Regional de Ensino e conselhos tutelares.
Pandemia de Covid-19 aumentou evasão escolar
O abandono escolar é uma realidade conhecida de milhões de brasileiros. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em 2020, apontou que de 50 milhões de pessoas com idades entre 14 e 29 anos, 10 milhões, ou seja, 20% delas, não tinham terminado alguma das etapas da educação básica.
No ano seguinte, um relatório da organização Todos Pela Educação apontou que 244 mil crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos estavam fora da escola no segundo trimestre de 2021.
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Em entrevista ao MG1 nesta quinta-feira (7), o professor do Instituto de Ciências Humanas (ICH) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Fernando Tavares, explicou que quanto mais a criança se frustrou nas tentativas de acompanhar e aprender, maior era a probabilidade dela desanimar e evadir.
"É importante que as escolas tenham acolhimento e que as famílias colaborem com a criança que está desanimada, desacreditada com a autoestima baixa estima porque ela vai recuperar. Pode ser que seja mais duro, mais difícil, mas com acolhimento e com a retomada da trajetória as crianças vão recuperar", afirmou o pesquisador.
Sobre a interrupção da trajetória escolar, que pode durar até 18 anos, Fernando ressaltou que tem efeitos perversos e muito negativos.
"O trabalho de recuperação dessa trajetória repercute para outras décadas. É um investimento atual que previne e inclusive economiza muito esforço porque é muito melhor dar continuidade a uma trajetória do que recuperar uma trajetória interrompida", afirmou.
Busca Ativa
Após a suspensão de atividades presenciais nas escolas em decorrência da pandemia de Covid-19, no início de 2020, as instituições utilizaram o sistema remoto de ensino através de aulas virtuais, atividades impressas, aplicativos de conversa, dentre outras formas, para suprir a necessidade de continuar com o processo de ensino.
Para buscar a solução do problema, foi implementado o processo “Busca Ativa”. A Secretaria de Educação de Juiz de Fora, através do Departamento de Inclusão e Atenção ao Educando (DIAE) e da Supervisão de Mediação e Acompanhamento ao Educando (SMAE), foi a responsável pelo processo de reintegração dos alunos evadidos.
“A garantia do direito à educação, à escola e à permanência neste espaço de aprendizagem é um dos pilares desta gestão. Sendo assim, não seria possível não trabalharmos incansavelmente para que nossos estudantes, que se afastaram da escola por motivos diversos no período da pandemia, retornassem. A Busca Ativa de forma intersetorial foi fundamental, integrando diversos equipamentos em benefício da educação”, explicou a gerente do DIAE, Ana Paula Xavier.
De acordo com a secretária de Educação, Nádia Ribas, a busca ativa é uma política que garante o direito subjetivo que todo estudante, que por algum motivo tenha se afastado da escola, retorne e seja acolhido, recuperando esse direito.
"É uma ação que envolve várias secretarias num trabalho intersetorial, comprometido com a garantia de direitos e um olhar humano apurado sobre as questões sociais agravadas na pandemia, que levam os estudantes a esse afastamento da escola. Nenhum aluno fora da escola, é nosso compromisso, é nosso dever”, afirmou.
A pasta recebeu a listagem dos alunos que as instituições de ensino enviaram e foram enviadas cartas aos responsáveis dos cerca de 5 mil alunos listados que esbarraram em problemas como regiões onde os Correios não entregam correspondências e alunos que não voltaram mesmo tendo recebido a carta.
Foi realizada, então, a territorialização do endereço dos alunos por Unidades Básicas de Saúde (UBSs); além da participação na “Rede de proteção à infância” (Cras, Creas e conselhos tutelares) para identificar alunos em situação de trabalho infantil, e, com o retorno das atividades presenciais, famílias de alunos que ainda estavam evadidos foram orientadas para que estes pudessem retornar.
O processo de “Busca Ativa” permanece e o balanço das ações feitas até o início das aulas presenciais de 2022, indica que mais de 4.800 alunos foram resgatados para o ambiente escolar.
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