Pesquisa contou com a participação de 470 pessoas e mais de 26% apresentaram sintomas depressivos. Idosa no celular, foto ilustrativa e de arquivo
Henrique Fontes/Assessoria ICMC
Uma pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), juntamente ao Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva da instituição, analisou os efeitos da "infodemia" - grande fluxo de informações - de Covid-19 em idosos usuários de mídias sociais.
A pandemia, além de afetar a rotina e a saúde física, também impactou diretamente a saúde mental da população. Além disso, a propagação de informações on-line e o uso de redes sociais são fatores relevantes nesse cenário.
O estudo vem tratar justamente desse recorte. A UFJF, por meio do Programa de Pós-Graduação (PPG) em Saúde Coletiva da própria instituição, trata de aspectos determinantes no processo de adoecimento de pessoas idosas, com foco naquelas que fazem uso de mídias digitais.
A pesquisa contou com a participação de 470 idosos. Destes, 9,78% apresentação altos níveis de estresse; 26,1% com sintomas depressivos; e 18,4% com transtorno de ansiedade generalizada (TAG).
Os dados coletados compõem a primeira fase de um projeto científico multicêntrico desenvolvido em diferentes países, como Portugal, México, Colômbia, Chile e Peru.
A pesquisadora responsável pelo estudo é a Elisa Kitamura, sob orientação da professora Isabel Leite, vice coordenadora do PPG em Saúde Coletiva, e em parceria com o professor Ricardo Cavalcanti da Faculdade de Enfermagem.
O peso da infodemia
O termo "infodemia" é norteador na pesquisa e fala sobre um grande fluxo de informações compartilhadas de forma ampla e acelerada em um espaço limitado de tempo que são motivadas por uma situação específica como, por exemplo, a pandemia.
“Os idosos estão mais expostos à infodemia pelo fato de, muitas vezes, não conseguirem processar e entender a profusão de notícias, e nem sempre possuírem habilidade no uso de tecnologias digitais. Tudo isso pode impactar a saúde mental desses indivíduos”, destacou Elisa Kitamura.
A professora orientadora Isabel Leite ressaltou sobre os impactos negativos na saúde mental das pessoas idosas no período de distanciamento social, o que levou tal grupo se comunicar ainda mais pelas redes sociais.
Inclusão digital e checagem de informações
Os estudos têm dados que apontam uma necessidade de novos arranjos sociais que contemplem as especificidades da população idosa, para buscar a saúde no conceito ampliado e a criação de mecanismos de inclusão digital desse grupo dentro de políticas públicas.
Conforme Elisa Kitamura, o estudo também aponta a necessidade de se discutir o consumo de informações em fontes oficiais com credibilidade para falar sobre a saúde, que forneçam notícias corretas e inteligíveis.
“É importante, ainda, que exista um tempo máximo diário para consumo do tema nas diversas mídias, bem como a divulgação da prática de checagem informacional e compartilhamento responsável, uma vez que as pessoas idosas são consideradas não nativas da era digital e nem sempre se prepararam para esse novo ambiente”, reforçou a pesquisadora.
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