{ "@context": "https://schema.org", "@type": "NewsMediaOrganization", "name": "Dia a Dia Notícias", "alternateName": "Dia a Dia Notícias", "url": "/", "logo": "/imagens/120x100/layout/logo_8b36a5e18308224620aecba3ef19b87e.png", "sameAs": [ "https://www.facebook.com/diadianews", "https://twitter.com/twitter" ] }
Geral Minas Gerais

Saúde da pessoa ostomizada ainda esbarra na invisibilidade, afirma médico em Juiz de Fora

Por Redação

22/01/2022 às 21:15:22 - Atualizado há
Cerca de 420 são atendidas por mês pelo serviço público de atendimento a essa população, que funciona no prédio do PAM Marechal, no Centro. Quatro meses após receber alta, Luciano Szafir desfila com bolsa de estomia na SPFW

Andy Santana/Futura Press/Estadão Conteúdo

No Brasil, estima-se que 400 mil pessoas sejam ostomizadas, segundo o Ministério da Saúde. Em Juiz de Fora, cerca de 420 são atendidas por mês pelo serviço público de atendimento a essa população, que funciona no prédio do PAM Marechal, Centro da cidade.

Apesar de extremamente importante, o tema é pouco divulgado. Em 2021, o ator Luciano Szafir foi destaque na mídia nacional ao desfilar na São Paulo Fashion Week e deixar à mostra uma bolsa de colostomia. Ele usa o item desde que enfrentou complicações da Covid-19.

A condição de colostomizado, é aquela em que a pessoa usa uma bolsa específica acoplada ao corpo para dar destinação às fezes.

Em entrevista ao g1, o coloproctologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora(UFJF), Rómmel Ribeiro, explicou que a colostomia funciona como uma estratégia cirúrgica para tratamentos de algumas doenças no intestino, quer seja temporário, definitivo ou até como ponte para esse último.

Rómmel Ribeiro

Rommel Ribeiro / Arquivo Pessoal

A principal necessidade desse tipo de procedimento, principalmente no intestino, está ligado aos cânceres colorretais.

"A saúde da pessoa ostomizada ainda esbarra na invisibilidade. A colostomia como um dos tipos de ostomias, carrega um estigma e muitas vezes de difícil aceitação pelos pacientes, trata-se da autoimagem", afirmou o médico.

Medo, preconceito, desconhecimento são barreiras de grande impacto físico, social e psicológico aos portadores. Entretanto, o acompanhamento especializado e multidisciplinar, que deve envolver o coloproctologista, o estomaterapeuta e, muitas vezes, o psicólogo, preparam os pacientes e a família para essa nova fase, segundo ele.

De acordo com o médico, o câncer de intestino é, na grande maioria ível de ser prevenido. É necessário um maior cuidado a partir dos 45 anos, segundo o especialista, até em casos específicos antes dessa idade, por meio do exame da avaliação do proctologista e da colonoscopia.

No entanto, apesar dos cânceres de cólon, reto e ânus outras doenças benignas como diverticulites, Doenças Inflamatórias Intestinais (Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa), distúrbios evacuatórios (Constipação e Diarreia), Incontinência Fecal e doenças congênitas, podem também exigir a ostomia como estratégia terapêutica.

"A saúde intestinal é essencial para quem busca ter qualidade de vida, bem-estar geral, bom humor e vida social. É por meio de atividades físicas, ingestão de líquidos e de uma boa alimentação, com fibras e baixo volume de alimentos processados que é possível um equilíbrio da flora intestinal e por que não, prevenir várias doenças," afirmou o professor da UFJF.

Pandemia

Segundo o médico, a sociedade já vivenciava um momento de estresse, mas com o cenário pandêmico as coisas se agravaram. O desconhecimento, despreparo, o luto pelas vidas perdidas e outros fatores estão em uma linha tênue entre o equilíbrio e o transtorno emocional.

“No consultório, diariamente é visível como a pandemia interfere na função intestinal, diante do aumento significativo das queixas relacionadas. A saúde mental é um ponto relevante para o intestino, a conexão cérebro-intestino é uma via de mão dupla com franco benefício para ambos”, afirmou Rommel.

É no intestino que ocorre a absorção de nutrientes e vitaminas. Uma delas, em especial, o triptofano – aminoácido essencial, ao qual o organismo não consegue produzir sozinho, com a necessidade de uma alimentação adequada –, e as vitaminas do complexo B, fundamentais na produção de serotonina pelo cérebro.

A serotonina é um neurotransmissor, responsável principalmente pelo humor, apetite e sono. E quando baixa, pode causar estresse, falta de apetite, insônia entre outros. Por isso, controla inúmeras funções orgânicas, tanto percepções físicas e mentais.

Um exemplo disso é a Síndrome do Intestino Irritável (SII), que é um conjunto de sinais e sintomas crônicos relacionados a distúrbios evacuatórios (diarreia ou constipação) e dores e/ou distensão abdominais.

A ciência ainda não respondeu os motivos causadores dessa doença, no entanto, já relacionam fatores como dieta inadequada, distúrbios hormonais e emocionais como os verdadeiros gatilhos para tal síndrome.

“Dessa maneira, concluímos que o emocional do indivíduo pode não só agravar sintomas intestinais, como desencadear uma cascata de reações culminando, por exemplo, na SII.”, complementou o especialista.

Desmistificar o assunto

Na época, em que ou pelo procedimento, após perder parte do intestino, Luciano Szafir, publicou em suas redes sociais que estava feliz em conscientizar as pessoas sobre a importância do uso de uma bolsa do tipo.

“A mensagem que eu quero ar a todos é que a estomia não define ninguém! Sejamos felizes como somos, vamos aceitar os outros como são e agradecer às oportunidades que a vida nos traz!”, escreveu.

Em Juiz de Fora, a universitária Ana Carolina, que nasceu com a parte do intestino sem o reto, viveu momentos difíceis que a impediam de ter o trânsito intestinal. E vê na atitude de Luciano um estímulo para desmistificar o assunto.

Ainda criança foi encaminhada para realizar a cirurgia de ostomia. Aos 5 anos, foi submetida a um novo procedimento cirúrgico para a reconstrução do reto e outra para a conversão da ostomia para o intestino. Assim conseguiu ter normalizado o trânsito intestinal.

Quando criança, as atividades recorrentes para a idade eram inviáveis. Hoje, com maior tranquilidade, ela segue sob acompanhamento médico regular, afinal é um processo recorrente a quem nasce com alguma anomalia genética de incontinência fecal.

Toda essa trajetória levou Ana a ar por constrangimentos por parte de pessoas que não entendiam sua condição de saúde e a submetiam a situações inconvenientes.

Mas, com certeza de que é extremamente importante também cuidar da saúde emocional, ela segue consciente sobre as melhorias que a medicina lhe proporcionou

Ela colocou uma espécie de marca-o, um neuromodulador sacral e conseguiu reduzir os prejuízos para a vida social. Atitudes consideradas pequenas para muitas pessoas, mas que não eram para ela, como sentar em um bar sempre próxima ao banheiro, para não se arriscar é uma delas.

Ela fala sobre a seriedade do assunto e o porquê ele deve ser debatido. “É possível viver com humildade e ter alegria de aceitar essa condição de saúde. Basta entender que não sou a única e que a vida não acabou. Podemos muito.

Serviço público

Em Juiz de Fora, funciona o Departamento de Atenção à Saúde das Pessoas Ostomizadas, localizado no 6° andar do PAM Marechal, área central da cidade. O horário de funcionamento é entre 9h e 11h e das 13h às 17h, de segunda a sexta-feira.

Saúde da pessoa ostomizada ainda esbarra na invisibilidade, afirma médico em Juiz de Fora

O atendimento é realizado aos pacientes com ostomias intestinais e urinárias pela equipe multidisciplinar composta por enfermeiras, estomaterapeuta, assistente social, psicóloga, nutricionista e médico.

Além do atendimento no PAM Marechal, o setor ainda conta com atendimentos aos hospitais públicos e privados, acompanhando os pacientes na internação e após alta hospitalar, para chegar às demandas e auxiliar na reabilitação, prevenção e tratamento das complicações.

O serviço também dispõe de um grupo de apoio aos portadores, onde podem ser ouvidos e relatarem suas experiências, com objetivo de tornar a reabilitação mais fácil para todos.

Ao todo, o serviço atende Juiz de Fora e mais 37 municípios e faz a dispensação estimada de 4.200 bolsas por mês e atende, em média, 420 pessoas por mês.

As pessoas interessadas devem levar no local de atendimento uma cópia da Carteira de Identidade, de F, cartão do SUS, comprovante de residência, sumário de alta, duas fotos 3x4 e relatório médico.

VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes
Fonte: G1
Comunicar erro
Dia a Dia Notícias

© 2025 Copyright © 2025 - Dia a Dia Notícias. Todos os direitos reservados.

•   Política de Cookies •   Política de Privacidade    •   Contato   •

Dia a Dia Notícias
Acompanhante loiraGarotas de Programa