Marcas começam a criar produtos que atendam às demandas dos consumidores maduros, mesmo que campanhas publicitárias continuem mirando os mais jovens Essa é a última coluna criada a partir das variadas e, acima de tudo, relevantes discussões ocorridas no “Century Summit”, evento on-line da Universidade de Stanford realizado entre os dias 9 e 15. Na segunda ada, o tema era o mercado para o público sênior e como esse segmento, apesar de ter mais dinheiro no bolso que as outras gerações, continua sendo ignorado em suas demandas. No entanto, há luz no fim do túnel. Embora as campanhas publicitárias continuem mirando o grupo entre 18 e 30 anos, marcas famosas começam a criar produtos que atendam os consumidos maduros – e estão tendo a grata surpresa de descobrir que outras faixas etárias também aprovam as novidades.
Rob Chess, professor de empreendedorismo e presidente do conselho da biofarmacêutica Nektar Therapeutics, deu dois ótimos exemplos dessa virada silenciosa: “a maior parte dos compradores de carros BMW tem mais de 60 anos, mas a publicidade de automóveis ainda é basicamente focada no público masculino jovem. Sem fazer alarde, a empresa começou a mudar os painéis, melhorando sua visibilidade, e o design acabou agradando a todos. A Nike queria avançar no mercado acima dos 50, mas encontrava resistência dos consumidores. Uma conversa entre o designer Tinker Hatfield e Phil Knight, cofundador da marca, foi providencial. Quando Knight brincou que não caminhava, e sim corria, mas que era um corredor muito, muito lento, Hatfield enxergou uma oportunidade para criar tênis com maior estabilidade e que eram mais macios na altura dos calcanhares: foi o nascimento do CruzrOne. As companhias estão se adaptando, só não dizem”, observou.
Idosa utilizando equipamento de realidade virtual: aos poucos empresas vão criando produtos voltados ao público sênior
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Paul Irving, presidente do Centro para o Futuro do Envelhecimento, do Milken Institute, lembrou que, embora a maioria das pessoas deseje envelhecer em suas casas, somente 1% dos domicílios está adaptado para essa jornada: “o mercado de imóveis é a próxima fronteira a ser desbravada. Na verdade, tudo tem que mudar para refletir a nova realidade demográfica”. Para a empreendedora Maria Thomas, o marketing deveria se libertar das amarras da idade cronológica e focar na atitude: “as pessoas consomem baseadas em como se percebem, e não em sua idade. Baby boomers têm muito em comum com outras gerações e não querem ser rotulados como velhos”. E o que virá pela frente? Segundo os especialistas, uma enxurrada de serviços financeiros, casas inteligentes e robôs domésticos. Na opinião de Maria, também ocorrerá uma revolução na utilização dos produtos tecnológicos: “as plataformas de voz, que são muito mais fáceis de usar, substituirão os atuais comandos”.
